Dejair Minotti – Entressafra Consultoria em Pós Colheita de Grãos
Temos que produzir amendoim com a clara intenção de conseguir uma margem condizente com o investimento. O amendoim não é para especuladores, salvo se o amendoim não for a atividade principal que remunere seus investimentos. Especular é com commodities e, ainda assim precisa ser analista de mercado ou contratar um.
Quando analisamos o custo de produção por hectare dos nossos principais concorrentes, como a Argentina e Estados Unidos, e considerando os estados com mais tecnologia e posição geográfica favoráveis, temos uma produtividade superior a média nacional, exemplo, região de Córdoba é mais produtiva que a média Argentina, o estado da Geórgia é mais produtivo que a média dos Estados Unidos e o estado de São Paulo é mais produtivo que a média nacional.
Os Estados Unidos raciocina em toneladas curtas, convertida da produção em libras/acre, na Argentina toneladas métricas convertidas de quintales (100 kg)/hectare e aqui no Brasil raciocinamos em sacos de 25 kg em casca limpo e seco/hectare. Quando analisamos o custo de produção dos três e convertemos em dólares por saco de 25 kg para equalização, vemos que o custo nestas regiões é: Argentina US$ 11,16/saco, Estados Unidos US$ 11,71/saco e Brasil (SP) US$ 10,64/saco.
As planilhas de custos foram baseadas em: Argentina por um produtor tecnificado visitado pelo autor, Estados Unidos por Ag and Applied Economics, Brasil por Henn Consultoria e Conab.
Não entraremos na pauta da dolarização da Argentina, nem na influencia política brasileira no dólar, e nem atermos a FARM BILL, que subsidia o produtor americano, vamos nos ater que dólar é dólar. A partir de 2001 o Brasil voltou a exportar amendoim com a introdução de amendoins do grupo “Runner”. Após alguns anos a referencia de preço no mercado paulista passou a ser o preço de amendoim para exportação, sendo que os vendedores confundem o preço da saca para atender a Comunidade Européia com o preço praticado para o mercado interno e para atender os mercados de exportação secundários.
O amendoim não é uma commoditie, mas como oleaginosa é influenciada pelas commodities oleaginosas em óleo e farelo. O produtor atualmente tem que trabalhar seus custos e receitas em dólar, no final faz seu resultado com o dólar praticado nas negociações temporalmente.
Os produtores perguntam: qual o valor do meu amendoim para venda em maio de 2019?
Particularmente, sempre uso referencia em séries de pagamento de mercado em anos anteriores e faço uma média aritmética dos preços anuais, como o gráfico abaixo em US$/saco, onde uso o dólar da época para converter em reais, vejo minha % de margem e se positivo, negocio em fracionamento. Esta pratica é para amendoim que possa ser processado para atender à Comunidade Européia, a qual deveria ser o objetivo de todos. Quando o amendoim é classificado pela sua qualidade, servir para mercado interno, para a exportação e para mercados secundários deve ser depreciado em 20% no mínimo em anos de boa oferta de nossos concorrentes.
Este artigo é baseado no mercado formal de amendoim, não servindo, portanto para base de mercados paralelos.
Quadro-I
Como podemos observar no gráfico acima, em uma série de cinco anos, o amendoim em Rotterdam na Holanda permitiu um pagamento ao produtor pelo saco de 25 kg/casca de janeiro a dezembro, baseado na lei da oferta e da procura, a mãe das leis de mercado. No ano de 2015 o mercado com excesso de amendoim, pagou menos, já em 2016, a Argentina teve quebra de safra e a Comunidade Européia forçosamente recorreu ao Brasil.
Quando fazemos a média aritmética, para uma analise simplificada, obtemos US$ 13 a saca de casca 25 kg.
Quadro II- Montado com informações da Agrolink (IEA), BACEN
No quadro acima temos a freqüência de preços da saca de 25 kg no mercado interno para todos os amendoins, levando em consideração: qualidade, quantidade e modos de negociação, do tipo pagaram mais, só que em seis parcelas.
Durante cinco anos, entre 2012 a 2017, vemos que em 34% do tempo, o amendoim foi comercializado de US$ 9 a 12, em 19% deste tempo entre US$ 12,1 a 13 e 26% do tempo variou de US$ 13,1 a 14,5 a saca em vagem. Aglutinando mais vemos que em 53% do tempo a saca do amendoim teve uma variação de US$ 9 a 13, em 26% do tempo US$ 13,1 a 14,5 e, em baixos percentuais de tempo acima de US$ 14,5. Portanto, a lógica manda se preparar para conviver com um mercado de US$ 9 a 13 dólares a saca de 25 kg em vagem.
Deduzindo, para o produtor com uma produtividade de 206 sacas/ha ou mais, tem alta probabilidade de lucro, já com 170 sacas/ha precisará repensar sua atividade.
O produtor além de dolarizar a saca, precisa acompanhar a cotação do dólar, isto faz parte da inteligência de mercado.
A receita para uma produtividade condizente com os custos, gerando sobras, inicia-se com o produtor cumprindo as tarefas que estão na sua alçada, sendo que a escolha da área é de primordial importância, se for plantar por plantar, não plante.
Quadro III
Nas considerações finais, percebemos no quadro acima a linha de preços pagos ao produtor, se passarmos uma linha média do ano de 2010 a 2015, teremos algo girando em torno de R$ 37,00/saca, no segundo semestre de 2016 com a quebra da produção argentina, experimentamos preços de R$70,00, voltando abaixo dos R$40,00 já no segundo trimestre de 2017 influenciado pela alta produção americana colhida no fim de 2016.
Oportunamente gostaria de comunicar o assunto de previsibilidade de preço do amendoim com emprego de modelo matemático.
Obrigado.