(Fonte: Notícias Agrícolas) / 2019
O bom momento no mercado de Feijão, com preços em elevação ontem (planilha do PNF – Preço Nacional do Feijão), coincide com um momento preocupante no mercado, pois havia o risco de que a EMBRAPA lançasse, no final deste mês, a cultivar BRS Pontal. Ocorre que isso não faz sentido segundo aqueles que conhecem a fundo o assunto:
– Não é mais produtiva, chega a 1.500 quilos sob pressão da mosca-branca contaminada. Não atrai o comprador, pois não tem boa aparência. Se fosse boa, a pirataria já teria se encarregado de espalhá-la.
– O pequeno produtor não terá para quem vender, pois até a soja para consumo humano direto só é vendida se não é GMO.
– O consumo tende a cair se o consumidor tiver dúvidas, e formadores de opinião vão recomendar que os consumidores, não podendo diferenciar o Feijão GMO, parem de consumir o carioca.
– Vegetarianos, que já são 30 milhões no Brasil, jamais irão consumir esse Feijão, e eles crescem rapidamente em adeptos.
– Empacotadores já fecharam questão: não irão empacotar esse Feijão.
– Não precisamos produzir mais Feijão-carioca no Brasil. Precisamos de outras cultivares.
– Há outras formas de controle que não implicam em lançar mão desta tecnologia.
Enfim, hoje às 10 horas, no Ministério da Agricultura, haverá reunião extraordinária da Câmara Setorial. Esperamos que o bom-senso norteie e prevaleça, mais uma vez.
Centenas de produtores e de exportadores dizem não à tecnologia
A modernidade manda engolir o sapo sem discutir? Por acaso, só por ter o carimbo de inovação, o setor não precisa ser ouvido? O que leva uma empresa pública, que deve trabalhar pelo agro brasileiro, se voltar contra a mão que a sustenta, ignorando o produtor e o consumidor que paga a conta? A EMBRAPA Arroz e Feijão se indispõe com produtores e consumidores, confundindo sua missão primária, alimentar o povo brasileiro, com o que o povo quer comer. Se os empacotadores dizem taxativamente que não vão empacotar o Feijão-carioca RMD e a Câmara Setorial, o CBFP – Conselho Brasileiro do Feijão e Pulses -, o IBRAFE – Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses -, centenas de produtores e de exportadores dizem não à tecnologia, é porque há algo mais em toda esta história. O tempo dirá quais eram os reais interesses. A cadeia produtiva do arroz enfrenta a mesma situação e não quer, também, arcar com o desgaste de defender e convencer o consumidor.