Grau de maturação das vagens de genótipos de amendoim em colheita antecipada

Cintia Michele Ferreira Mendes1; Maycon Ferraz 1; Ítalo Antonieto de Lima1; Wilton Marcos de Souza1; Ignácio José Godoy2; Marcos Doniseti Michelotto3

1Graduando(a) em Agronomia, Unirp, São José do Rio Preto, SP, Bolsista IC Fundag/Apta, cintiamichele@hotmail.com, maycon.ferraz96@hotmail.com, italoantonieto@hotmail.com, wilton.s@live.com; 2Eng. Agrônoma, Bolsista Aperfeiçoamento Técnico Fundag, Centro de Cana, IAC, Ribeirão Preto, SP, larissaambrosio01@gmail.com; 3Bolsista Produtividade CNPq, PqC. Centro de Cana, IAC, Ribeirão Preto, SP, denizart@apta.sp.gov.br, 4PqC. IAC, Campinas, SP, ijgodoy@iac.com.br; 5Bolsista Produtividade CNPq, PqC. Polo Centro Norte, Apta, Pindorama, SP, michelotto@apta.sp.gov.br

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o grau de maturação das vagens em cultivares e linhagens de amendoim rasteiro em três épocas de colheitas, visando identificar os genótipos mais aptos para antecipar a colheita. O experimento foi instalado em Pindorama com sete genótipos. Em cada época de colheita, amostrou-se 0,5m. de plantas de cada parcela. A maturação foi avaliada com base em uma escala de desenvolvimento das vagens, em estádios de R2 a R9. Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que as linhagens L. 11.14, L. 11.20, L. 11.27, L. 11.29 e L. 11,31, e os cultivares IAC OL3 e IAC 886 tem maturação plena antes dos 130 dias constituindo uma opção para a colheita antecipada, o que é adequado para o plantio no período de renovação da cana. Todas apresentam potencial produtivo acima de 5.000 kg ha-1.

Palavras-Chave: Arachis hypogaea L., cultivares, melhoramento, redução do ciclo, reforma de canaviais.

INTRODUÇÃO

Na safra 2016/17 o Brasil produziu 465 mil toneladas de amendoim, sendo o estado de São Paulo responsável por 91% do total produzido no país (CONAB, 2017).

O cultivo do amendoim (Arachis hypogaea L.) no estado de São Paulo está baseado principalmente em áreas de renovação da cana-de-açúcar e pastagens. Mas para isso, é necessário que as cultivares de amendoim sejam de ciclo compatível com a duração do período de renovação do canavial (GODOY et al., 2014).

Cultivares como a Runner IAC 886 e IAC OL3, apresentam um ciclo de 125 a 130 dias nas condições do Estado de São Paulo. Já outros cultivares como a IAC 503 e IAC 505, apresentam um ciclo de 130 a 140 dias e por isso possuem algumas restrições quanto a seu uso nestas áreas de renovação de canaviais. Uma das soluções seria a utilização de genótipos que apresentam ponto de colheita antes dos 130 dias.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o grau de maturação das vagens em diferentes genótipos de amendoim rasteiro em três épocas de colheitas, visando seleção de genótipos mais adaptados à colheita antecipada.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi implantado na APTA – Pólo Regional Centro Norte em Pindorama, SP, no dia 20/11/2017. Os genótipos de A. hypogaea: IAC OL3 e IAC 886 (cultivares comerciais) e as linhagens do melhoramento genético do Instituto Agronômico: L. 11.14, L. 11.20, L. 11.27, L. 11.29 e L. 11.31 foram semeadas em parcelões de oito linhas de cinco metros de comprimento e 90 cm de espaçamento entre as linhas na densidade de semeadura de 20 sementes por metro.

Para avaliação do grau de maturação, três amostras de cada genótipo foram realizadas, arrancando-se 50 cm de linha de plantas aos 105, 112 e 122 DAS. Após a coleta das plantas, as vagens foram retiradas e colocadas em sacos plásticos devidamente identificados, transportadas até o laboratório do Pólo Centro Norte em Pindorama, onde foram lavadas e secas à sombra e em seguida, avaliado o grau de maturação pelo método de raspagem da casca e verificação da cor do endoderma (“hull scrape method”).

Em seguida, as vagens foram abertas com o auxílio de uma lâmina cortante, examinadas e classificadas através de uma escala de maturação modificada de Boote (1982) e Moraes et. al. (2009). Esta escala é constituída de oito estádios de desenvolvimento das vagens, mas que neste trabalho optou-se por avaliar apenas os cinco últimos estádios do desenvolvimento das vagens e sementes.

Aos 122 DAS realizou-se a colheita de três linhas de 5 metros cada genótipos e obteve-se a produtividade de vagens em kg ha-1.

Os dados obtidos de cada estádio em porcentagem foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias foram transformadas em arcsen raiz (x/100) e comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelo método da raspagem do tegumento, aos 105 DAS, somente no percentual de vagens da coloração marrom e na soma das cores que indicam que os grãos estão maduros (Laranja+Marrom+Preta) é que apresentaram diferença significativa (Tabela 1). Nesta data observou que as linhagens L. 11.14 e L. 11.20 apresentavam menor grau de maturação em relação aos demais genótipos e com melhor desempenho a cultivar IAC OL3.

Na avaliação aos 113 DAS não se observou diferença significativa entre os genótipos em nenhuma das cores. Já aos 122 DAS observou-se na avaliação que todos os materiais haviam obtido 70% de maturação (Tabela 1).

Analisando graficamente a soma das cores, observa-se que a cultivar IAC OL3 e a linhagem L.11.31 se destacaram em todas as datas de avaliação (Figura 1), indicando maior grau de maturação.

Na avaliação pelo dos estádios de maturação, aos 105 DAS, a linhagem L.11.20 apresentou a maior porcentagem de vagens no estádio R6, enquanto que o cv. IAC OL3 a menor. Em R8 a cv. IAC OL3 apresentou maior porcentagem enquanto que a linhagem L.11.14 apresentou a menor indicando a maior precocidade da cultivar em relação à linhagem.

Aos 113 DAS não houve diferença significativa entre as linhagens, mas quando observado a soma R7+R8+R9 conseguimos obter linhagens que se destacam com mais de 70% de vagens maduras, sendo eles: L.11.29 e IAC OL3 (77.9% e 74.3%, respectivamente). O ponto considerado ideal para a colheita é atingido quando a soma dos estádios R7, R8 e R9 atinge 70% (GODOY et al., 2014).

Na última avaliação, aos 122 DAS, não houve diferença significativa entre as linhagens quando comparados. Observou-se nesta data que alguns dos genótipos atingiram o porcentual considerado mínimo para realizar a colheita. Somente a linhagem L.11.29 não apresentou um porcentual acima de 90% quando somados os estádios R7, R8 e R9, indicando que estes genótipos nesta data já deveriam ter sido colhidos.

Quando analisados graficamente a soma dos estádios R7, R8 e R9, nota-se que a linhagem L.11.31 e cv. IAC OL3 apresentaram novamente os maiores porcentuais aos 105 DAS, valores estes que mais se aproximam ao indicado para a colheita que é de 70 % de vagens maduras (Figura 2). Aos 113 DAS somou-se a elas a linhagem L.11.29 (Figura 2). Quando analisado a produtividade, não se observou diferença significativa entre os genótipos e todas produziram acima de 5.000 kg ha-1

CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que as linhagens L. 11.14, L. 11.20, L. 11.27, L. 11.29 e L. 11,31, e os cultivares IAC OL3 e IAC 886 tem maturação plena antes dos 130 dias constituindo uma opção para a colheita antecipada, o que é adequado para o plantio no período de renovação da cana.

Todas apresentam potencial produtivo acima de 5.000 kg ha-1.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOOTE, K. J. Growth stages of peanuts. Peanut Science, v.9, p.34-40, 1982.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Grãos – Série Histórica.< https://portaldeinformacoes.conab.gov.br/index.php/safra-serie-historica-dashboard>.Acesso em: 05 jul. 2018.

GODOY, I.J.; BOLONHEZI, D.; MICHELOTTO, M.D.; FINOTO, E.L.; KASAI, F.S.; FREITAS, R.S. Amendoim Arachis hypogaea L. In: AGUIAR, A.T.E.; GONÇALVES, C.; PATERNIANI, M.E.A.G.Z.; TUCCI, M.L.S.; CASTRO, C.E.F. (Eds.). Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas. 7.ed. Campinas: Instituto Agronômico. p.22-27, 2014. (Boletim 200).