Quando se fala em amendoim, a maioria das pessoas já pensa em algo saboroso, mas engordativo. Porém, esta primeira impressão é enganosa. Estudos recentes comprovam que, se ingerido com parcimônia, pode fazer muito bem à saúde.
Pesquisa elaborada e apresentada pela nutricionista e fitoterapeuta Vanderli Marchiori durante o Congresso Paulista de Nutrição, trouxe resultados surpreendentes sobre os efeitos desta leguminosa brasileira no organismo humano. A nutricionista, que também é assessora técnica da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados), baseou-se em estudos realizados pelas Universidades de Harvard e de Yale, nos EUA, que revelaram as propriedades funcionais do amendoim.
O médico Paulo Henkin, Chefe do Serviço de Nutrologia do Hospital Ernesto Dornelles de Porto Alegre e membro da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) alerta para uma característica do amendoim que pode ser perigosa: ” Diferente das castanhas e das amêndoas, que ficam sobre a terra, o amendoim fica embaixo da terra por um tempo e, nisso, pode adquirir mofo e desenvolver aflatoxina, que é uma substância cancerígena. Mesmo depois de torrado, é preciso cuidado”.
Assim, ele frisa a importância de se prestar atenção em três aspectos: se o alimento foi produzido, conservado e transportado adequadamente. “Aqui temos o selo da Abicab nos produtos de boa procedência. Nos Estados Unidos, onde se consome muito amendoim, esse controle também é rígido”.
Benefícios à saúde
A nutricionista enfatiza que a composição do amendoim é rica em ácidos graxos insaturados, que são benéficos à saúde e fonte de proteína vegetal, fibra dietética, vitaminas, antioxidantes, minerais e fitoquímicos. “Por isso, o amendoim é grande aliado da nutrição humana”, afirma.
Segundo ela, os estudos também mostraram que, quando consumido na quantidade certa (recomendam-se 30 g por dia, o equivalente a 142 calorias) e em lanches intermediários, o amendoim garante a saciedade por mais de duas horas: “Isso inibe a ingestão de lanches mais calóricos, ou seja, ele não engorda e ainda ajuda no processo de reeducação alimentar”.
Gordura do bem
Henkingre afirma que as oleaginosas como amendoim, nozes e castanhas são ricas em óleos mono e poli-insaturados: “Essas gorduras são formadas por ácidos graxos e, se forem consumidas adequadamente podem, sim, fazer bem”.
“Recomendamos que por volta de 30% da necessidade calórica diária seja de gorduras. Por exemplo, se você precisa de 2000 kcal diárias, 600 delas podem ser gorduras. Daí, o ideal é que as misture”, ensina o especialista. Como exemplo ele cita: 10% monoinsaturadas (amendoim), 10% poli-insaturadas (queijo ou leite) e 10% saturadas (óleo de milho, castanhas).
Mas por que as pessoas ainda veem o amendoim como algo engordativo? “Porque pensam numa porção de 100 gramas, por exemplo, que tem valor calórico alto. Elas precisam entender que a porção de consumo geral tem de 30 a 40 gramas, cozido ou torrado, com pouco ou nenhum sal. O que não acarreta ganhos de peso”, ensina Marchiori.
Prevenindo doenças
Em relação à prevenção de doenças, os resultados apresentados pela pesquisa são ainda mais significativos. “Além de seu alto valor nutritivo, com perfil vitamínico invejável e grande quantidade de proteínas veggetais – de 25% a 30% de sua composição – o amendoim é rico também em fitoesteróis. Trata-se de um tipo de gordura com estrutura semelhante à do colesterol, mas que, ao contrário deste, tem origem vegetal e não é produzida pelo corpo”, afirma a nutricionista.
Entre as doenças que podem ser prevenidas com o consumo de amendoim estão as coronárias, o câncer, o diabetes e o mal de Alzheimer. Porém, é preciso alguns cuidados, como saber a procedência do produto e consumir cerca de 30 gramas por dia, pois, em excesso o amendoim, como todo produto rico em gordura, pode não fazer bem.
Fonte: Cármen Guaresemin (UOL, São Paulo, 10/04/2013)