Dejair Minotti, Engº. Agrônomo, Entresafra Consultoria de Pós Colheita
A PROPOSIÇÃO PARA O SWOT É A COLOCAÇÃO ABAIXO.
FOCANDO O ESTADO DE SÃO PAULO: QUAL ÁREA ESTARÁ DISPONÍVEL PARA O AUMENTO DE PRODUÇÃO DO AMENDOIM?
Atualmente o setor sucroalcooleiro ensaia seu retorno na importância agrícola de São Paulo, não que tivesse perdido, mas por políticas de governo o setor pagou uma conta que não era sua. Atualmente com o lançamento do Renovabio e compromissos no Acordo de Paris de ter 28% da matriz energética em bicombustíveis, necessitaremos produzir mais 20 milhões de metros cúbicos de etanol, o setor entrará também na produção de biogás e biometano, com uma usina já projetada em Guariba SP, novas variedades estão sendo lançadas para atender os subprodutos etanol, açúcar, etanol 2G,energia de co-geração, biogás e biometano.
As condições descritas acima só levam a um caminho, produzir cana, cana e cana, nada poderá interferir neste objetivo, pois quanto mais cana, mais subprodutos redundarão em mais “Cbios” (certificado de descarbonização) e logicamente mais receitas. Este programa esta sendo criado para atender objetivos de um melhor meio ambiente para o futuro e não para resolver problemas financeiros de usinas. Atividades poluidoras terão que comprar “Cbios” e estes possivelmente serão comercializados no mercado e pagos aos detentores dos Cbios. Como é um programa de estado, esperamos que tenha êxito.
Na década de 70 a soja substituiu o amendoim como matéria prima para produção de farelo, agora volta à cena como o grão que oferece “praticidade” para produção em reforma, aliado a isto, como commodities, é operada em bolsa, propiciando “hedge”, comercialização com antecipação, “barter” que facilita a opção de aquisição de insumos garantidos pelas grandes “trader”, além da grande demanda pelo grão da China e países asiáticos.
O plantador de amendoim terá que ser também plantador de soja para permanecer no setor, com isto melhorará a negociação para arrendamento de áreas, acabando de colher a soja, iniciará no amendoim. Terá recursos da soja para “bancar” a colheita do amendoim. Naturalmente terá que ter uma produção de soja que atinja seu “break even” igual ao amendoim.
A Mogiana pelas suas terras mais férteis e usinas melhores estruturadas deverá ter mais dificuldades de aumento de áreas para amendoim; a Paulista com suas áreas de pastos e solos menos férteis, misto arenoso e, portanto mais favoráveis para amendoim, deverá ainda ter áreas de aumento, porém se mantiver o crescimento de produção para atender a exportação é uma incógnita.
Hoje o estagio conseguido na produção de amendoim, não sobrevive sem exportação, e mais adiante não sobreviverá sem agregar mais valor, assunto que nossos concorrentes Argentina e Estados Unidos já visitam e negociam com compradores a venda de produtos elaborados.
Oposto às ameaças que o setor produtivo vem sofrendo, o amendoim esta sendo descoberto pelas novas gerações e sociedades mais evoluídas, como um alimento nobre, rico em proteínas, ácido fólico e aminoácidos essenciais, ainda contêm resveratol, composto fenólico encontrado no vinho tinto e útil na prevenção de doenças cardíacas.
As colocações acima já estão acontecendo há algum tempo e não se percebe movimento nenhum no setor, nem para precaver o pequeno produtor do futuro próximo e aos investidores de unidades de beneficio, que poderão não ter matéria prima para trabalhar “full time”.
O americano costuma dizer ”It´s peanuts” (isto é barato), para o produtor paulista de amendoim pequeno e médio, “It´s gold” (isto é ouro).
Produtores vamos pensar nisto, gestão também é prever fatores externos.
ANALISE SITUACIONAL DE OFERTA DE ÁREAS
O quadro acima cedido pelo pesquisador Dr. Denizart Bolonhese, subsidiado pelas informações da CONAB, safra 17/18 – Goiás, com 1,1 mil toneladas em segunda safra e Minas Gerais 8,1 mil toneladas em primeira safra denotam pouca reforma com amendoim em relação à soja ou mesmo pousio e adubação verde, MS não informado e PR com 4,1 mil toneladas, fica demonstrado pelas áreas de renovação, a pouca preferência por reforma com amendoim.
Fica reforçado que o estado produtor de amendoim é São Paulo. O amendoim continuará sendo produzido, porém, o que questionamos é o mercado de exportação, se queremos aumentá-lo ou vamos dosar em 200.000 toneladas. Os resíduos de processo para óleo e mercado interno se ajustam como sempre se ajustaram, e sementes como são de paiol será como sempre foi.
Em uma análise simplista do quadro acima, vemos um mercado interno com uma variação de 200 a 210 mil toneladas de grãos, segundo a Euromonitor/Abicab para 2014/2015 e (2016/2017 projetados), sem considerações para sensíveis mudanças no consumo. A situação que parece se apresentar para São Paulo é o crescimento da exportação em relação à produção nacional e mostrar uma tendência de menor crescimento, alcançando a estabilidade. No ano de 2017 a exportação de amendoim representou 73% do consumo interno e 32,34% da produção anual do amendoim. Nesta situação precisará aumentar as áreas para atender o crescimento da exportação. Entrar no consumo interno pode não ser alternativa, uma vez que se trata de produto de qualidade inferior, sem certificação e dominado por cerealista sem interesse em atuar na exportação, por motivos de acomodação.
O óleo de amendoim ainda viverá por um bom tempo de resíduos de benefício, salvo os anos que o preço internacional seja factível a compra de amendoim em vagem para moer.
No quadro acima gentilmente cedido pelo pesquisador, doutor Denizart Bolonhese e as fontes informativas assinaladas, a pergunta do quadro é de difícil resposta. Entre áreas para amendoim e soja, temos adubos verdes, cana de ano e pousio. Analisando a cana de ano, tudo indica que deverá crescer para atender o Renovabio e obter Cbios. As grandes usinas preferem adubos verdes que atendem o incremento de produção nos dois primeiros cortes, como soja e amendoim, e são incorporados na hora certa para o plantio seguinte com cana sem atraso no seu planejamento. A soja pela situação atual de ciclo ajustado das precoces é mercado de commodities, já responde pelos dados, a 62% da reforma. Como se pode efetuar plantio direto em palhada de cana, a soja atende princípios conservacionistas. O pousio é injustificável. Como fica o setor de amendoim para traçar planos de desenvolvimento das empresas de maior porte, as quais têm na exportação hoje as justificativas para efetuar investimentos milionários?
O que se sente atualmente é que nenhuma liderança demonstra preocupação, ou vem na mídia para traçar alguma diretriz para a situação futura, posso estar equivocado, mas como não aparece nenhuma liderança para explicar, é possível que o pequeno médio produtor de amendoim, ou planta áreas de soja condizentes ou arrenda para um produtor maior e sai do ramo.
Como diz o ditado, ”Quem sabe para onde quer ir acerta a vela do barco, quem não sabe, qualquer posição serve.